INTRODUÇÃO
A febre em cachorro é um dos sinais clínicos que mais preocupam os tutores. Quando o corpo do pet apresenta temperatura elevada, geralmente acima de 39,5 °C, isso indica que algo não está bem no organismo. Esse aumento pode ser uma reação de defesa contra infecções, inflamações ou outras doenças internas, mas também pode sinalizar problemas graves que exigem intervenção imediata.
Entender como identificar a febre, quais são as principais causas e como proceder diante desse quadro é essencial para garantir a saúde e o bem-estar do animal. Muitos tutores acreditam que basta tocar o focinho do cão para saber se há febre, mas isso é um mito perigoso. A única forma precisa de confirmar é medindo a temperatura retal ou auricular com termômetro adequado.
A ansiedade dos tutores é compreensível, já que a febre é um dos principais motivos de consultas veterinárias em cães. Esse sintoma gera preocupação imediata, pois o tutor teme estar diante de algo grave. Reconhecer a febre em cachorro cedo não só ajuda a aliviar o sofrimento do animal, como também aumenta as chances de um tratamento eficaz e rápido, evitando complicações futuras.
Neste artigo, vamos aprofundar todos os aspectos relacionados à febre em cachorro: desde os fatores que a desencadeiam, até os sintomas que ajudam a diferenciar um simples mal-estar de um quadro potencialmente fatal. Você também encontrará relatos de casos reais, orientações práticas, checklist de ações, tabelas comparativas e informações científicas de especialistas.
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O QUE É A FEBRE EM CACHORRO?
A febre é uma resposta fisiológica natural do organismo, resultado da ação de substâncias chamadas pirógenos, que estimulam o aumento da temperatura corporal. No caso dos cães, a temperatura normal varia entre 38 °C e 39,2 °C. Quando o termômetro indica valores acima desse limite, temos o que chamamos de febre em cachorro.
O aumento da temperatura não deve ser visto apenas como algo negativo. Na verdade, trata-se de um mecanismo de defesa que ajuda o sistema imunológico a combater agentes invasores. No entanto, quando persiste ou atinge níveis muito altos (acima de 41 °C), pode trazer riscos sérios à saúde do animal, incluindo convulsões, falência orgânica e até morte.
PRINCIPAIS CAUSAS DE FEBRE EM CACHORRO
A febre em cachorro pode ter diversas origens, e compreender cada uma delas ajuda o tutor a agir de forma mais consciente. Ela não surge por acaso: sempre existe um gatilho que provoca o aumento da temperatura. Abaixo, exploramos as causas mais relevantes e frequentes na prática veterinária.
1. Infecções bacterianas
As infecções causadas por bactérias estão entre os motivos mais recorrentes de febre em cães. Quando esses microrganismos invadem o organismo, o sistema imunológico responde com o aumento da temperatura para dificultar sua multiplicação.
- Otite bacteriana: provoca dor, secreção no ouvido e febre persistente.
- Infecções urinárias: comuns em fêmeas, podem causar febre acompanhada de dificuldade para urinar.
- Pneumonia bacteriana: tosse, secreção nasal, respiração ofegante e febre alta.
- Infecções dentárias: abscessos nos dentes também podem provocar febre e inchaço no rosto.
2. Infecções virais
Alguns dos vírus mais graves que acometem cães apresentam febre como sintoma inicial.
- Cinomose: doença altamente contagiosa, que começa com febre, secreção ocular e nasal, podendo evoluir para tremores e convulsões.
- Parvovirose: atinge principalmente filhotes, provocando vômitos, diarreia com sangue e febre intensa.
- Hepatite infecciosa canina: menos comum hoje em dia, mas ainda presente em animais sem vacinação.
3. Infecções parasitárias
Doenças transmitidas por carrapatos e outros parasitas também são responsáveis por casos graves de febre.
- Erliquiose: conhecida como doença do carrapato, causa febre, apatia, perda de peso e sangramentos.
- Babesiose: também transmitida por carrapatos, provoca destruição das hemácias, levando a febre, mucosas pálidas e urina escura.
- Leishmaniose: transmitida pelo mosquito-palha, pode causar febre persistente, emagrecimento e feridas na pele.
4. Infecções fúngicas
Embora menos frequentes, as micoses sistêmicas (como aspergilose ou blastomicose) também podem gerar febre em cães. Essas infecções geralmente ocorrem quando o animal inala esporos de fungos presentes no ambiente.
5. Reações vacinais
Após a vacinação, é comum observar uma febre em cachorro leve e transitória, que dura até 48 horas. Isso ocorre porque o organismo está reagindo ao antígeno e criando defesas. Normalmente, não exige tratamento, apenas observação.
6. Processos inflamatórios
Nem toda febre está ligada a microrganismos. Inflamações internas também podem provocar aumento da temperatura.
- Pancreatite: inflamação do pâncreas, comum em cães que consomem muita gordura.
- Artrite: inflamações nas articulações podem gerar febre associada a dor e dificuldade de locomoção.
- Gastrite severa: pode vir acompanhada de febre em alguns casos.
7. Traumas e lesões
Um cão que sofre um acidente ou apresenta lesão interna pode ter febre como resposta inflamatória. Isso é comum em atropelamentos ou quedas, quando há hemorragias internas.
8. Reações a toxinas e substâncias químicas
A ingestão de produtos tóxicos (venenos, plantas, medicamentos humanos) pode desencadear febre como parte da resposta inflamatória do organismo tentando eliminar a substância agressora.
9. Doenças autoimunes
Em alguns casos, o próprio sistema imunológico do cão ataca tecidos saudáveis, provocando febre. Essas doenças são raras, mas exigem diagnóstico cuidadoso.
10. Câncer
Alguns tipos de câncer, especialmente os que afetam o sangue e os ossos, podem gerar febre persistente. Esse tipo de febre não responde bem a tratamentos simples e precisa de investigação profunda.
Resumo das principais causas de febre em cachorro
Categoria | Exemplos de causas |
---|---|
Infecções bacterianas | Otite, pneumonia, infecção urinária, abscesso dentário |
Infecções virais | Cinomose, parvovirose, hepatite infecciosa canina |
Infecções parasitárias | Erliquiose, babesiose, leishmaniose |
Infecções fúngicas | Aspergilose, blastomicose |
Reações vacinais | Febre leve pós-vacina (até 48h) |
Inflamações | Pancreatite, artrite, gastrite |
Traumas | Hemorragias internas, lesões graves |
Toxinas | Ingestão de plantas tóxicas, venenos, medicamentos humanos |
Doenças autoimunes | Lupus, poliartrite imunomediada |
Câncer | Linfoma, osteossarcoma, leucemi |
SINTOMAS QUE ACOMPANHAM A FEBRE EM CACHORRO
A febre em cachorro raramente aparece sozinha. Ela quase sempre vem acompanhada de sinais físicos e comportamentais que ajudam o tutor a perceber que algo não está certo. Observar esses sintomas é essencial para diferenciar um simples mal-estar de um problema grave.
1. Alterações de comportamento
Um dos primeiros sinais é a mudança no comportamento. O cão que normalmente é ativo pode se mostrar apático, quieto, sonolento e até evitar brincadeiras. A febre rouba energia do organismo e o animal fica menos responsivo ao ambiente.
2. Perda de apetite
Cães febris geralmente rejeitam comida e até água. A recusa alimentar é uma bandeira vermelha, especialmente se dura mais de 12 horas em filhotes ou cães idosos.
3. Tremores e calafrios
Assim como nos humanos, os cães podem apresentar tremores quando a temperatura sobe. Esse sintoma é comum em casos de febre em cachorro acima de 40 °C e pode assustar os tutores, que muitas vezes confundem com convulsões.
4. Respiração e batimentos acelerados
A febre acelera o metabolismo do animal, aumentando a frequência respiratória e cardíaca. O cão pode ficar ofegante mesmo em repouso, sinal claro de que há algo errado.
5. Alterações nas mucosas
As gengivas e língua ficam mais quentes, secas e em alguns casos avermelhadas. Esse é um dos sinais mais fáceis de observar, pois basta levantar os lábios do pet.
6. Vômitos e diarreia
Quando a febre está ligada a doenças gastrointestinais (como parvovirose, gastrite ou intoxicações), o animal pode apresentar vômito, fezes moles ou até com sangue. Isso indica quadro grave que precisa de atendimento rápido.
7. Secreções oculares e nasais
Infecções respiratórias e virais muitas vezes vêm acompanhadas de secreção amarelada nos olhos e corrimento nasal. Se houver febre junto, a suspeita de doença infecciosa aumenta.
8. Olhos avermelhados e aspecto cansado
A febre provoca inflamação sistêmica, que pode ser percebida nos olhos do animal, que ficam mais vermelhos e pesados.
9. Gemidos ou sinais de dor
Alguns cães febris demonstram incômodo com gemidos, choramingos e postura encolhida. É uma forma de expressar dor ou desconforto.
Não hesite em levar seu animalzinho ao veterinário, este é o profissional é quem vai dignosticar e dar o direcionamento correto,
COMO MEDIR A TEMPERATURA DE UM CÃO
Muitos tutores ainda acreditam que basta tocar o focinho ou as orelhas para saber se há febre. Isso não é confiável. A única maneira correta é usar um termômetro.

A leitura acima de 39,5 °C confirma febre em cachorro.
Diante de um cachorro com febre, o que fazer:
1. Confirmar a febre com termômetro
Nunca confie apenas no tato do focinho ou das orelhas do seu pet para saber se ele está com febre. Esse é um mito muito difundido. A única forma confiável é usar um termômetro digital, preferencialmente de ponta flexível. Com ele, você terá a certeza se realmente há febre em cachorro e poderá informar a temperatura exata ao veterinário, o que facilita muito o diagnóstico.
2. Observar os sintomas associados
A febre nunca deve ser avaliada sozinha. Procure sinais adicionais como vômitos, diarreia, tremores, apatia, falta de apetite ou secreções oculares e nasais. Esses sintomas complementares ajudam a diferenciar se a febre é apenas uma reação passageira (como após vacina) ou se pode estar relacionada a doenças mais graves, como cinomose ou erliquiose.
3. Oferecer água fresca
A hidratação é fundamental. Cães febris podem se recusar a beber, mas incentive oferecendo água limpa em pequenas quantidades ao longo do dia. A desidratação agrava o quadro clínico e pode acelerar complicações, principalmente em filhotes e idosos. Uma dica é trocar a água com mais frequência para mantê-la atrativa.
4. Manter o ambiente confortável
Um cão com febre precisa de um local fresco, arejado e calmo. Evite deixá-lo em ambientes abafados, expostos ao sol ou com excesso de cobertores. O objetivo é oferecer conforto e ajudar o corpo a não reter ainda mais calor. Um ventilador suave ou janelas abertas podem ser suficientes para melhorar a respiração e o bem-estar.
5. Não medicar por conta própria
Esse é um dos erros mais perigosos que um tutor pode cometer. Muitos acreditam que podem dar paracetamol, ibuprofeno ou aspirina ao cão, mas esses medicamentos humanos são altamente tóxicos e podem levar à intoxicação ou até à morte. Apenas o veterinário tem a capacidade de indicar o remédio adequado e na dosagem correta para o peso e o quadro do animal.
6. Registrar a evolução
Manter um registro simples das medições de temperatura e dos sintomas observados pode ser muito útil. Anote os horários em que a febre aparece, os graus medidos e o comportamento do cão. Esses dados ajudam o veterinário a entender melhor o quadro e a tomar decisões clínicas mais rápidas e assertivas.
7. Levar ao veterinário
Se a febre persistir por mais de 24 horas, ultrapassar 40 °C ou vier acompanhada de sintomas graves (convulsões, dificuldade de respirar, sangramento nas fezes), a ida ao veterinário deve ser imediata. Esse é o ponto mais importante do checklist, pois apenas o profissional poderá descobrir a causa real e indicar o tratamento correto.

ESTUDOS CIENTÍFICOS E VISÃO DE ESPECIALISTAS
A febre em cachorro é um tema recorrente na literatura veterinária, pois está presente em diferentes especialidades clínicas — da infectologia à imunologia. Pesquisas recentes ajudam a compreender por que a febre ocorre, qual sua importância no organismo e quais riscos oferece quando ultrapassa os limites fisiológicos.
A função protetora da febre
Estudos publicados no Journal of Veterinary Internal Medicine destacam que a febre é um mecanismo de defesa. Ao elevar a temperatura, o corpo do cão dificulta a replicação de vírus e bactérias, além de potencializar a ação das células de defesa, como os linfócitos e macrófagos. Isso explica por que muitos veterinários não recomendam intervir imediatamente em febres leves, já que elas podem auxiliar o organismo a combater o problema.
Riscos de febre prolongada
Pesquisas da American Veterinary Medical Association (AVMA) ressaltam, no entanto, que febres persistentes acima de 40 °C podem ser perigosas. Nesse ponto, o calor deixa de ser apenas protetor e passa a provocar alterações metabólicas sérias, incluindo:
- Desidratação acentuada.
- Danos às proteínas do sangue.
- Risco de convulsões e colapso orgânico.
Por isso, a recomendação é clara: febres altas ou persistentes devem sempre ser investigadas em ambiente clínico.
Estudos sobre causas infecciosas
Um levantamento realizado na Universidade de São Paulo (USP) em 2021 apontou que, entre cães atendidos com febre em clínicas veterinárias, mais de 60% tinham origem infecciosa — sendo as doenças transmitidas por carrapatos (erliquiose e babesiose) as mais prevalentes em regiões urbanas e periurbanas do Brasil. Isso mostra como a febre é um sintoma-chave para identificar rapidamente zoonoses que também podem afetar os humanos.
Perspectiva imunológica
Pesquisas em imunologia veterinária explicam que a febre é desencadeada por substâncias chamadas pirógenos — moléculas liberadas por microrganismos ou pelo próprio corpo em resposta a infecções. Essas substâncias agem no hipotálamo, região do cérebro que regula a temperatura corporal. Assim, a febre é, na prática, uma alteração controlada e intencional do organismo, e não um “defeito”.
FAQ – PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE FEBRE EM CACHORRO
- Qual a temperatura normal de um cachorro?
Entre 38 °C e 39,2 °C. Acima disso, considera-se febre. - Posso saber se meu cachorro tem febre pelo focinho?
Não. O focinho úmido ou seco não é parâmetro confiável. Apenas o termômetro confirma. - Febre em cachorro sempre indica infecção?
Não. Pode ser reação vacinal, inflamação ou doença autoimune. - Como medir a febre em cachorro com segurança?
Usando termômetro digital, preferencialmente retal. - Meu cão está com 40 °C de febre, o que fazer?
Levar imediatamente ao veterinário. Essa temperatura é preocupante. - Posso dar dipirona para cachorro com febre?
Somente sob orientação veterinária. Automedicação é perigosa. - Vacina pode causar febre em cachorro?
Sim, febre leve e passageira pode ocorrer após vacinação. - Febre em cachorro é perigosa?
Sim. Quando alta ou persistente, pode indicar doença grave. - Cães idosos têm mais risco com febre?
Sim. O organismo debilitado reage com mais dificuldade. - Cachorro com febre pode tomar banho frio?
Não sem recomendação do veterinário. Pode agravar o quadro. - O que fazer em casa se meu cão tem febre?
Hidratá-lo, mantê-lo confortável e levá-lo ao veterinário. - Febre em cachorro pode ser sintoma de doença do carrapato?
Sim, é um dos sinais mais comuns da erliquiose. - Quanto tempo dura a febre em cachorro?
Depende da causa. Pode ser horas (reação vacinal) ou dias (infecção). - Filhotes são mais vulneráveis à febre?
Sim, especialmente a doenças virais como parvovirose. - O que nunca fazer em caso de febre em cachorro?
Dar remédios humanos por conta própria.
CONCLUSÃO
A febre em cachorro não é uma doença, mas um sinal de alerta que revela que o organismo do seu pet está reagindo a algo fora do normal. Em alguns casos, pode ser apenas uma reação leve, como após uma vacina; em outros, é sintoma de condições sérias como doenças infecciosas, inflamatórias ou até parasitárias. Por isso, entender as causas, observar os sintomas e agir rapidamente faz toda a diferença para proteger a saúde do seu melhor amigo.
Nunca subestime a febre. A simples atitude de medir a temperatura corretamente, anotar os sinais e buscar atendimento veterinário no momento certo pode salvar vidas. O cuidado responsável é o maior ato de amor que um tutor pode oferecer. Reconhecer cedo a febre em cachorro aumenta significativamente as chances de recuperação rápida e sem complicações, evitando que um quadro simples evolua para algo mais grave.
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“Ricardo Gontijo é jornalista e escritor apaixonado por cães desde a infância, quando convivia com seu vira-lata caramelo Tobias. Hoje, transforma essa vivência em conteúdos claros e acessíveis sobre comportamento e curiosidades caninas, ajudando tutores a entenderem melhor seus pets e fortalecerem o vínculo com eles por meio de artigos que unem experiência pessoal, pesquisa e amor pelos animais.”