INTRODUÇÃO
O espirro reverso em cães é um daqueles episódios que assustam qualquer tutor. De repente, o cachorro começa a puxar o ar de forma ruidosa, como se estivesse engasgado, tentando recuperar o fôlego. Para quem presencia pela primeira vez, a cena é de pânico: será que ele está se sufocando? Será que corre risco de vida?
A boa notícia é que, na maioria dos casos, o espirro reverso em cães é benigno, passageiro e não representa risco imediato à saúde. Ainda assim, entender o que acontece, quais são os gatilhos, quando é normal e quando exige cuidado veterinário é essencial para garantir a tranquilidade e a segurança do seu pet.
Este guia completo vai esclarecer de uma vez por todas o que é o espirro reverso, como diferenciá-lo de doenças mais graves, quais sinais de alerta observar e o que fazer para ajudar seu cachorro.

O QUE É ESPIRRO REVERSO EM CÃES?
O espirro reverso em cães é um reflexo respiratório peculiar que costuma assustar os tutores pelo barulho e pela intensidade do episódio. Durante a crise, o cachorro inspira o ar de forma rápida e ruidosa pelo nariz, emitindo sons que podem lembrar um engasgo ou até mesmo um ronco forte. Para quem presencia pela primeira vez, a impressão é de que o animal está sem ar ou se sufocando.
A seguir, vamos detalhar os pontos fundamentais para entender esse fenômeno.
Como o espirro reverso acontece
O espirro reverso é resultado de uma irritação ou estímulo súbito no palato mole, localizado na parte posterior da boca, próximo à garganta. Esse tecido, quando estimulado, provoca uma contração involuntária que gera uma sucção de ar pelas vias nasais.
Essa dinâmica é o que torna o som tão característico, diferente do espirro normal (que expulsa o ar) e da tosse (que envolve a saída de ar pela boca).
Um episódio de espirro reverso em cães costuma ser breve, durando entre 10 e 30 segundos. Durante esse período, o tutor pode notar o animal com o pescoço estendido, olhos arregalados e focinho voltado para frente, tentando inspirar rapidamente. Logo em seguida, a crise se encerra e o cão retoma seu comportamento habitual, sem apresentar sinais de dor ou desconforto.
Diferença anatômica dos cães
A predisposição ao espirro reverso está relacionada à anatomia das vias respiratórias caninas. Raças de pequeno porte e braquicefálicas (como Pug, Bulldog, Shih Tzu e Lhasa Apso) são mais suscetíveis porque possuem vias aéreas mais estreitas e compactas, o que favorece irritações nessa região.
Isso explica por que alguns cães podem apresentar episódios ocasionais ao longo da vida, enquanto outros praticamente não manifestam o problema.
Embora o espirro reverso em cães seja geralmente benigno, entender seu funcionamento é fundamental para que o tutor não entre em pânico diante de uma crise. Saber identificar os sinais também ajuda a diferenciar quando se trata de um episódio normal ou quando pode haver indícios de uma condição respiratória mais séria, que exige avaliação veterinária.
O QUE PODE CAUSAR UM ESPIRRO REVERSO EM CÃES
O espirro reverso em cães pode ser desencadeado por diferentes fatores, que vão desde estímulos simples do dia a dia até condições de saúde que exigem investigação. Para compreender melhor, é importante analisar os principais gatilhos que levam ao surgimento desse reflexo.
Irritantes ambientais
Um dos fatores mais comuns está ligado ao ambiente em que o cão vive. Poeira acumulada, cheiros fortes de produtos de limpeza, perfumes, sprays aerossóis, fumaça de cigarro ou até mesmo velas aromáticas podem irritar a mucosa nasal e a garganta.
Esses estímulos provocam o reflexo involuntário que gera o espirro reverso. É por isso que muitos tutores notam as crises logo após a faxina da casa, durante passeios em áreas com poluição ou em ambientes fechados com odores fortes.
Mudanças bruscas de temperatura
O sistema respiratório canino também reage a variações repentinas de clima. Entrar em um carro com ar-condicionado frio, sair de um ambiente aquecido para o ar gelado da rua ou enfrentar dias muito secos pode desencadear episódios de espirro reverso em cães.
Essas alterações afetam a mucosa da nasofaringe, tornando-a mais sensível e sujeita a irritações.
Exercício físico intenso
O espirro reverso em cães também pode aparecer após atividade física vigorosa, como corridas ou brincadeiras muito agitadas. O aumento da frequência respiratória associado ao ressecamento temporário da mucosa nasal cria as condições perfeitas para desencadear uma crise.
Embora não seja motivo de preocupação em si, esse tipo de gatilho mostra a importância de oferecer intervalos de descanso e hidratação adequada durante os passeios.
Infecções respiratórias
Em alguns casos, o espirro reverso é um sinal associado a infecções respiratórias. Viroses como a gripe canina, bactérias ligadas à tosse dos canis e inflamações como rinite e sinusite podem irritar a região da nasofaringe, provocando crises mais frequentes.
Quando há secreção nasal, febre, tosse ou apatia acompanhando o espirro reverso, o tutor deve buscar avaliação veterinária, pois pode haver necessidade de tratamento.
Alergias
Cães, assim como humanos, podem desenvolver reações alérgicas a pólen, poeira, alimentos ou substâncias químicas. Nessas situações, a mucosa fica inflamada, aumentando a predisposição ao reflexo. Se os episódios parecem ocorrer sempre em épocas específicas (como primavera) ou em determinados locais, é possível que a causa seja alérgica.
Raças predispostas
Cães de pequeno porte, em geral, também estão mais propensos, embora qualquer raça possa manifestar o problema. Mas como já mencionado anteriormente, as braquecefálicas estão mais propensas.

Ansiedade e estresse
Cães ansiosos, expostos a ambientes barulhentos ou que sofrem com separação do tutor são mais propensos a apresentar espirro reverso em cães. A tensão muscular na região da garganta facilita a ocorrência.
Excitação e alegria exagerada
Muitos tutores relatam crises quando chegam em casa, quando pegam a coleira do passeio ou em momentos de grande euforia. A respiração acelerada é o gatilho.
Nestes casos, o que fazer para ajudar:
- Estabelecer uma rotina previsível de alimentação, passeios e descanso.
- Investir em enriquecimento ambiental, como brinquedos interativos e jogos de farejamento.
- Criar um espaço seguro em casa para que o cão relaxe em momentos de barulho ou agitação.
- Usar treinamento positivo para recompensar a calma em situações excitantes.
Outros fatores desencadeantes
Além das causas mais comuns, há outros gatilhos que podem provocar o espirro reverso em cães:
- Corpos estranhos no nariz, como sementes, poeira grossa ou pequenos fragmentos de plantas.
- Uso de coleiras de pescoço, que pressionam a traqueia durante passeios e favorecem crises respiratórias.
- Alterações sazonais, especialmente em épocas de poluição elevada, pólen no ar ou clima excessivamente seco.
Esses fatores, embora menos frequentes, podem intensificar os episódios e merecem atenção redobrada por parte dos tutores.
Tabela – Principais causas do espirro reverso em cães
Causa principal | Exemplos práticos |
---|---|
Irritantes ambientais | Perfumes, produtos de limpeza, fumaça |
Mudança de temperatura | Do calor da rua para ar gelado do carro |
Emoções e ansiedade | Excitação antes de passear ou encontrar visitas |
Exercício intenso | Corridas e brincadeiras agitadas |
Infecções respiratórias | Gripe canina, rinite, tosse dos canis |
Alergias | Poeira, pólen, alimentos |
Raças predispostas | Pug, Shih Tzu, Bulldog, Lhasa Apso |
Identificar a causa do espirro reverso em cães ajuda o tutor a agir preventivamente. Se o animal apresenta episódios frequentes, observar o contexto — ambiente, rotina, alimentação, estação do ano — pode revelar o gatilho principal. Essa análise é valiosa para reduzir a frequência das crises e garantir mais conforto ao pet.
QUANDO O ESPIRRO REVERSO EM CÃES É NORMAL E QUANDO EXIGE ATENÇÃO
O espirro reverso em cães pode ser tanto uma reação fisiológica comum quanto um sinal de alerta. Por isso, compreender em quais situações ele é considerado normal e quando passa a exigir acompanhamento veterinário é fundamental para o bem-estar do seu pet.
Quando é considerado normal
Na maior parte dos casos, o espirro reverso é apenas um reflexo passageiro e inofensivo. Ele pode ser desencadeado por estímulos simples, como cheiros fortes, ansiedade momentânea ou mudança de temperatura.
O tutor pode ficar tranquilo quando:
- O episódio é curto, com duração de 10 a 30 segundos.
- O cão retoma o comportamento normal logo depois.
- Não há secreção nasal, tosse persistente ou sinais de dor.
- A frequência é baixa e esporádica, ligada a momentos específicos.
Quando merece atenção veterinária
Embora seja benigno na maioria dos casos, o espirro reverso em cães pode indicar problemas se os episódios se tornarem intensos ou frequentes. Sinais de que algo está errado incluem:
- Crises que ocorrem várias vezes ao dia ou duram mais do que o habitual.
- Dificuldade para respirar mesmo após o término da crise.
- Presença de secreção nasal ou ocular persistente, especialmente se for amarelada, esverdeada ou com sangue.
- Alterações no comportamento do cão, como apatia, letargia ou perda de apetite.
- Associação com outros sintomas, como tosse, febre ou ruídos respiratórios constantes.
Nessas situações, a avaliação veterinária é indispensável para descartar doenças respiratórias, colapso de traqueia, alergias graves ou até a presença de corpos estranhos nas vias aéreas.
Checklist de sinais de alerta
Para facilitar, veja um resumo dos pontos que merecem observação:
- Crises diárias ou prolongadas.
- Respiração ainda difícil após o episódio.
- Secreção nasal com sangue ou pus.
- Cão demonstrando fraqueza, cansaço ou perda de interesse em atividades.
Estar atento a esses sinais permite que o tutor diferencie um quadro benigno de algo que precisa de intervenção. Quanto mais cedo a suspeita for investigada, maiores as chances de evitar complicações.
O QUE FAZER DURANTE UMA CRISE DE ESPIRRO REVERSO EM CÃES

Abaixo está um guia prático que mostra como agir e o que evitar quando seu pet passa por um episódio de espirro reverso em cães:
O que fazer | Por que ajuda |
---|---|
Mantenha a calma e fale suavemente | O cão percebe a ansiedade do tutor; manter a tranquilidade ajuda o pet a se acalmar. |
Massagear a garganta suavemente | Estimula a deglutição e relaxa a musculatura, ajudando a encerrar o reflexo. |
Tampar levemente as narinas por 1 a 2 segundos | Força o cão a engolir, quebrando o ciclo do espirro reverso. |
Oferecer água fresca após a crise | Ajuda a hidratar a garganta e aliviar irritações, principalmente em dias secos. |
Observar e anotar a frequência | Facilita a identificação de gatilhos e fornece informações úteis ao veterinário. |
O que evitar | Riscos para o pet |
---|---|
Entrar em pânico ou gritar | A agitação do tutor aumenta o estresse e pode prolongar o episódio. |
Introduzir objetos na boca | Pode machucar, causar engasgos ou até lesões na garganta. |
Dar remédios caseiros sem orientação | Substâncias inadequadas podem agravar o problema ou intoxicar o animal. |
Ignorar crises frequentes | Episódios recorrentes podem indicar doenças respiratórias que precisam de avaliação veterinária. |
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO DO ESPIRRO REVERSO EM CÃES
O espirro reverso em cães é, na maioria dos casos, um fenômeno benigno, mas pode se tornar recorrente ou estar associado a doenças respiratórias. Nessas situações, é fundamental compreender como o diagnóstico é feito, quais tratamentos podem ser aplicados e quais medidas de prevenção ajudam a reduzir a frequência dos episódios.
Como o diagnóstico é feito
Quando os episódios são frequentes, longos ou acompanhados de outros sintomas, o veterinário pode solicitar exames para avaliar a saúde respiratória do cão. Entre os principais estão:
Exame | Finalidade |
---|---|
Raio-X de tórax e pescoço | Avaliar traqueia, pulmões e descartar colapso traqueal. |
Endoscopia | Visualizar diretamente as vias aéreas e identificar inflamações ou corpos estranhos. |
Exames laboratoriais (sangue e secreções) | Investigar infecções bacterianas, virais ou inflamatórias. |
Avaliação clínica detalhada | Observar frequência, contexto e possíveis gatilhos do espirro reverso. |
O diagnóstico é sempre individualizado, pois cada cão pode ter causas diferentes para o mesmo sintoma.
Opções de tratamento
Não existe um remédio específico para o espirro reverso ocasional. O tratamento depende da causa identificada:
- Infecções respiratórias → antibióticos ou antivirais prescritos pelo veterinário.
- Alergias → uso de anti-histamínicos ou corticoides em casos mais graves.
- Colapso de traqueia → protocolos específicos que podem incluir broncodilatadores, anti-inflamatórios e, em situações avançadas, cirurgia.
- Irritações leves → apenas controle ambiental, sem necessidade de medicação.
Em episódios esporádicos, o espirro reverso em cães não exige tratamento, apenas observação e medidas de suporte.
Estratégias de prevenção
A prevenção é a melhor forma de reduzir a frequência das crises e dar mais qualidade de vida ao pet. Algumas medidas práticas incluem:
- Ambiente saudável: evitar poeira, fumaça, perfumes fortes e produtos químicos dentro de casa.
- Coleira peitoral em vez de enforcador: reduz a pressão na traqueia durante passeios.
- Boa hidratação: manter água fresca disponível ajuda a proteger a mucosa respiratória.
- Controle da ansiedade: enriquecimento ambiental, brinquedos interativos e rotina de exercícios equilibrada ajudam a reduzir crises ligadas à excitação.
- Atenção especial a raças braquicefálicas: esses cães exigem cuidados redobrados por sua anatomia.
- Manutenção da saúde geral: alimentação equilibrada e visitas regulares ao veterinário fortalecem o sistema imunológico e reduzem predisposições.
- O diagnóstico é feito com base na frequência e nos sintomas associados, podendo incluir exames clínicos e de imagem.
- O tratamento depende da causa, variando de simples ajustes ambientais a medicação ou protocolos mais complexos.
- A prevenção é essencial e envolve cuidados diários no ambiente, na rotina e na saúde do animal.
Com esses três pilares — diagnóstico, tratamento e prevenção — o tutor consegue lidar de forma segura com o espirro reverso em cães, oferecendo mais conforto e proteção ao seu pet.
Episódios Reais
- Thor, o Pug de Luana: tinha episódios após faxinas. O veterinário recomendou massagem no pescoço e substituição de produtos de limpeza por versões hipoalergênicas.
- Mel, a labradora de Ricardo: apresentava crises após brincadeiras intensas. Reduzir a excitação e oferecer água fresca resolveu 90% dos casos.
- Nina, a Shih Tzu de Ana Clara: após episódios persistentes, foi ao veterinário. Descobriu-se um corpo estranho no nariz, que poderia evoluir para infecção.
Esses exemplos mostram que cada caso é único, mas todos podem ser controlados com observação e cuidado.
FAQ – PERGUNTAS FREQUENTES
1. Como saber se é colapso de traqueia ou espirro reverso em cães?
O colapso gera tosse crônica, piora progressiva e exige tratamento. O espirro reverso é breve e não compromete o animal.
2. O que pode causar um espirro reverso em cães?
Poeira, perfumes, mudanças de temperatura, ansiedade, infecções respiratórias e predisposição anatômica.
3. Qual é o remédio para espirro reverso em cães?
Não há remédio específico. O tratamento é para causas associadas. Episódios isolados não precisam de medicação.
4. Espirro reverso em cães pode matar?
Não. Mas episódios frequentes podem indicar doença séria que precisa de avaliação.
5. Filhotes têm espirro reverso em cães?
Sim, especialmente quando excitados ou em contato com poeira.
6. Raças pequenas sofrem mais com espirro reverso em cães?
Sim, especialmente braquicefálicos.
7. Existe tratamento caseiro?
Não. Apenas medidas de suporte: massagem, água fresca, ambiente limpo.
8. Espirro reverso em cães é sinal de alergia?
Pode ser, mas precisa de avaliação profissional para confirmar.
9. O que fazer se o cão tem muitas crises seguidas?
Procurar veterinário imediatamente.
10. Espirro reverso em cães melhora com a idade?
Nem sempre. Pode se manter ao longo da vida, dependendo da predisposição.
CONCLUSÃO
O espirro reverso em cães é um fenômeno comum e, na maioria dos casos, inofensivo. Entender como ele acontece, diferenciar de doenças graves e saber como agir traz tranquilidade para o tutor e mais segurança para o pet.
Com informação e atenção aos sinais de alerta, é possível garantir que este episódio não seja motivo de pânico, mas apenas mais um detalhe do dia a dia ao lado do seu melhor amigo.
Se você conhece outros tutores que se assustaram com esse problema, compartilhe este conteúdo para que eles também saibam como agir.

“Ricardo Gontijo é jornalista e escritor apaixonado por cães desde a infância, quando convivia com seu vira-lata caramelo Tobias. Hoje, transforma essa vivência em conteúdos claros e acessíveis sobre comportamento e curiosidades caninas, ajudando tutores a entenderem melhor seus pets e fortalecerem o vínculo com eles por meio de artigos que unem experiência pessoal, pesquisa e amor pelos animais.”